E eu seria talvez o poeta que te recolhe nas mãos
Olho-te por dentro das palavras que se misturam com o brilho do meu olhar
Vejo-te como um poema escrito no princípio dos tempos
Sei que te posso apertar nos meus braços como se fosses a minha escrita
E que da mistura de alma e corpo, palavras e braços , saem respirações ofegantes
Sei que de todas as misturas, de todas as cegueiras, de todas as palavras,nada nos explica
Nada nos diz que somos ar e milagre, perfume e versos,corpos completos
Podias até ser o meu livro, aquele que desfolho perante a nostalgia dos dias
Podias até ser a minha extinção, o meu sangue, a respiração das páginas
E até talvez possas ser o insulto depois do prazer,o verso orgiástico, a frase mordida
E eu seria talvez o poeta que te recolhe nas mãos
Como um pingo de palavra condensada num beijo...