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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

É fértil o olhar que não nos define

 


Hoje as aves visitaram o meu oásis


Falaram-me de magias e de cobras-de-água


Disseram-me que o peso dos rios desponta na pele da noite


Que peixes vermelhos se perpetuam no solário das ausências


E que de manhã visitaremos os bosques de escritas delicadas


Onde as palavras adquirem a nobreza das paisagens


É fértil o olhar que não nos define


Como também o são os dragões a irromper da irrealidade


O sol ensina o caminho aos frutos silvestres...mostra-lhes a beleza do néctar


Assim o tempo nos roa o veludo da voz interrompida por soluços


Partimos..e nas nossas mãos crescem dias demorados


Olhamos a fuga de tudo o que acumulámos na memória


Esquecemos o mágico feitiço dos pomares


Onde as laranjeiras se encantam pela delicada aranha


Teias feitas de lodo interrompem o nosso caminho


Perdemo-nos na milenar manhã das paisagens nacaradas


Somos agora o que já não somos...


Conhecemos os fragmentos dos nossos minutos


Mas nunca o ouro dos dias se derramará sobre a nossa pele despojada


Porque o ouro dos dias se perde nas paisagens que se tecem na argila fresca


Nesse barro que amassaremos na nossa fome de pedras preciosas


Meditando sobre o estará para lá das montanhas desconhecidas.