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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

É hora de salvar a alma

Utópicos hinos assombram o lado interminável da tarde. Uma chama acende-se. Um perfume ergue-se. As sombras mudam de cor. Há dias em que as folhas das árvores se deitam lentamente. E os pássaros beijam as algas com suspiros de seda. Arrancamos as folhas do diário como quem tece fios de linho. O mel desce pelos lábios. Entorna-se pelas coxas. Os dias são topázios. As noites são grossas lágrimas. Uma folha desaparece na perversidade do fogo. Extinguem-se palavras. A pele enruga-se. Em redor dos olhos crescem dolorosos veios de silêncio. Um raio de sol é um luxo fácil. Sabemos que os genes do mar crescem nos abismos. Que os genes do homem são abismos. Que os abismos são mares e genes e homens.

 

Se cheiras a ti. É porque de ti se desprende um cheiro. Os dias começam como um girar de luz. Se tremes é porque vives. Se nada acontece é porque morres. Mas é mesmo necessário que cresça um sonho num riacho? E que do sonho salte um sapo de pedra? Assustas-te com os simulacros de sorrisos. Esse sacrários feitos com a parte inadmissível das pessoas.

 

Obstina-te. Cerra os lábios. Sente todos os prazeres. Desemboca na laje de um adro deserto. Preenche-o com a tua furtiva sombra. Na distância de cada sonho desaparece a solidão. Em cada solidão aparece um sonho. Em cada pesadelo uma fé. Em cada fé um pesadelo. É impossível ser um barco. É impossível naufragar. É hora de salvar a alma. Tomar um duche. Dormir.