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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

E o mar era uma alma crua...

E tudo se fechou debaixo da chuva que estilhaçava o ar
Todas as coisas eram um murmúrio que triunfava perante o imóvel silêncio
A luz caía a pique...as ruas fumegavam perante os meus olhos inflamados
A poeira erguia-se como uma respiração do ar...que retesava os corpos...
Abafava o mar...e encobria o céu como se ele vestisse um traje branco..inebriado...
A chuva esmagava-se no chão como um triunfante mar....
Como um véu que encobria a embriaguez do calor...
Como uma âncora que deseja unir-se ao lodo...
Que quer encostar-se ao mais fundo da espessa água...
Como quem bebe de uma fonte refrescante...
Cuja alma deseja encontrar o ar efervescente...enervante..
O ar que faça estilhaçar a vidraça onde se escondem todas as alegrias...
E todas as desgraças...e todas as imagens de uma espada ofegante...


Fumegante de luz...
Uma espada cuja lâmina fulmina o silêncio das palavras imóveis...
E as cobre de imagens que envergam trajes luminosos...
Como se fossem luzes deitadas sobre uma cama ...
Que dança na nascente inebriante da vida....
E que perante a gélida madrugada...fumega …
Como um céu que se abre para um imenso dia claro...
Onde a chuva traça o destino...feito de salas cheias de gente inflamada...
E as crianças se recordam da alvorada em que as nascentes eram flores lilases...
E o mar era uma alma crua...
Onde dançavam luzes que se reflectiam nossos pés descalços..
Alumiando as flores que se despenhavam sobre as cabeças nuas
Como esperas de amor que caíam sobre longos véus floridos!