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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

E passam ventos..e transpiram velas...

Abro a gaveta e dentro dela o lenço lavado fala-me de lágrimas

Saio para a rua..e vejo depositados no passeio os anos vergados pelas pedras

E passam ventos..e transpiram velas...e o sal queima a quilha dos barcos

E chegam nevoeiros... e caem indeterminadas chuvas..e as crianças sentem as frieiras

A pouco e pouco aconchega-se às casas o som dos búzios

Passa por elas e é como se fosse uma lenda antiga alumiando a fantasia das marés

E o que fica é apenas uma rua..onde ciciam passos solitários...

Lutos de lumes outrora incandescentes...mensagens exaustas de carregar filhos ao colo

Digo para mim que a chuva é cega...que molha os seios enrugados das ladainhas

Que lava as palavras...mesmo aquelas que saem do vapor da boca

Sento-me..dormito junto a um bando de estorninhos..vergo-me ao momento solene

Aquele em que as avós bordam arabescos no enxoval das netas...

Românticas..velhas...obscuras personagens carregadas de fantasia

Vivendo intermináveis vidas de silêncio..despertas como tochas...

Indispensáveis....