E sobrou ele...
Ah se fosse fácil sorrir...se fosse fácil habitar nessa coluna de fumo
E aprender o caminho que as trepadeiras ensinam...se fosse fácil...
Se fosse fácil esquecer a urgência cansada do vento
Que varre os peitoris das janelas...e prossegue sempre em direcções desconhecidas
Como se caminhasse por dentro das nossas vidas...
Se fosse fácil..
Esse vento ...frágil sustento da alma em flor...
Circunferência de nadas e de tudo
Que corta as emoções a fundo...
E transita pela incomensurável desolação da dor.
Cresceu...gastou a ilusão...aprendeu a falar com o tempo
Caminhou por entre preciosas feridas...algures entre a vida e a estrada calcinada
Caiu...intacto e resplandecente...como uma alma alucinada
Sobrou-lhe o vidro cortante dos dias...sobrou-lhe o medo e a eternidade
E sobrou ele...
Como se tivesse sonhado a vida...
E quando tudo parecia que era fácil
Quando todos os sentimentos ecoavam como guizos
Quando todas as veias rebentaram...
E a solidez de uma incerteza subterrânea se abateu sobre ele
Ergueu-se como uma pedra cansada
Construiu um coração...onde escondeu todas as profecias
E ali ficou...petrificado...