Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

folhasdeluar

folhasdeluar

Em todas as vidas há pombas que olham imóveis as águas claras

Em todas as vidas há pombas que olham imóveis as águas claras
Em todas as vidas há olhos brilhantes...febris...esmagadoramente insustentáveis
Sobre todas as vidas chove luz e rochas...
Como se fossem estilhaços de um rumo perdido...ou um penoso ofegar da areia opaca
Onde silenciosos lilases despertam num êxtase triunfante e abafado
Em todas as vidas há véus..duplos silêncios intransponíveis...


Fechados sob um céu fresco
Todas as vidas desejam encontrar a espada...a chave...o espesso mistério...
Que lhes abra a fresca nascente onde a chuva bebe o seu murmúrio
Podemos calar-nos perante o ar imóvel
Podemos respirar a embriaguez das ondas
Podemos viajar pela atmosfera azul...inflamada de vagas esperançosas...
Podemos dançar como triunfadores...ou como luzes desgraçadas...
Podemos retesar o corpo...torná-lo um mundo fechado num minuto...
Mas do chão erguer-se-á sempre o fumegante dia...
Erguer-se-á sempre a extenuante âncora que nos prende à vida
Como se alguém imprimisse fortes pancadas na nossa porta...
Ou na nossa alma...