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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Em todas as vidas há véus

Em todas as vidas há pombas

Que olham imóveis as águas claras

Em todas as vidas há olhos brilhantes

Febris...esmagadoramente insustentáveis

Sobre todas as vidas chove luz e rochas

Como se fossem estilhaços de um rumo perdido

Ou um penoso ofegar da areia opaca

Onde silenciosos lilases despertam

Num êxtase triunfante e abafado

Em todas as vidas há véus

Duplos silêncios intransponíveis

Fechados sob um céu fresco

Todas as vidas desejam encontrar a espada

A chave que abra o espesso mistério

Que lhes abra a fresca nascente

Onde a chuva bebe o seu murmúrio

Podemos calar-nos perante o ar imóvel

Podemos respirar a embriaguês das ondas

Podemos viajar pela atmosfera azul

Inflamada por vagas esperanças

Podemos dançar como triunfadores

Ou como luzes desgraçadas

Podemos retesar o corpo

Torná-lo um mundo fechado num minuto

Mas do chão erguer-se-á sempre o fumegante dia

Erguer-se-á sempre a extenuante âncora

Que nos prende à vida

Como se alguém imprimisse fortes pancadas na nossa porta

Ou na nossa alma...

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