Emoções
Fechado numa emoção impulsiva
Salto a margem que me divide
E atravesso o barranco
Por onde se escoam águas barrentas
Não cambaleio...dou enormes passos
Como se fixasse a alma numa afeição
Ou numa mordedura quente
De onde brotassem tímidas palavras...desassumidas
Páro depois...com um desgrenhado zelo
Numa encruzilhada de gente rara
Que me surge como se fosse
Uma fosforescência de filigrana...
Abandonado ao desleixo dos dias
Como uma brutal fumaça de erva
Dormindo sob uma majestática impaciência
Afago essas cabeças sem raiva no coração
Apenas as quero ver coloridas
Como se fossem uma tribo
Que anuncia dias floridos
Com sinaizinhos de fumo
Que se elevam sobre a pele clara das faces mimosas
Afago essas crianças
Vestidas de belos bibes multicolores
Reposteiros que destapam a luz
Onde as pedras sanguinolentas e sombrias
Se fundem em caprichosos vergões violeta
Que irados me assaltam os olhos empedernidos
Como se fossem sinais de espanto
Polidos como azeviche
Dormentes como a palidez
Majestosos e delirantes
Como grandes sequóias bradando aos céus
Que me contemplam os denegridos olhos sombrios
Vazos por uma espuma enrubescida
Como um sol esquecido
Ou como um anjo sem auréola
Que se vestiu de fantasma...