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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Era o primeiro cheiro

Era o primeiro cheiro que me chegava de ti

Um aroma a algas e sal

Fugias da água com um nevoeiro arrepiado sobre o corpo

E um volumoso aborrecimento a cair dos teus seios frágeis

Querias dias agressivos

Para onde pudesses fugir desse espesso dia ofuscante

Gritavas sobre as frágeis dunas que o vento desfolhava

E eu comia as horas

Pousado nas algas escorregadias e sujas pelas águas turvas

Tu enfeitavas os lábios com instantes feitos de areia

Talvez gostasses desse sabor a março

Talvez quisesses brincar às marés

Porque subias e descias sobre mim

Como um cair de vestidos enfeitados por túlipas azuis

Depois era o frio...o choro

Os desejos desmoronados como aves

Eras um opaco espelho que chorava

Sem saber que os instantes são lunares..

Que os momentos são plumas de segredos

Que bebem perfumes afrodisíacos

Depois olhavas o futuro como alguém ausente

Como um coração inflamado sobre a areia

Que se dispersa numa covinha que o mar apaga

Fugias desses recomeços antes de começarem

Como se estivesses enfastiada de tédio

E eu rolava sobre ti...invisível e estridente

Sentindo um sensual prazer em te sujar o corpo

E tudo recomeçava...a noite e o seu marulhar inquieto

As marés sulcadas pelos barcos que levam os sonhos

Como crianças feitas de nevoeiro

E só ficavam os cheiros

Que sozinhos na praia lembravam restos de poemas

Escritos num tempo em que as aves cortavam o ar!

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