És a recusa do cansaço
(foto Robert Doisneau)
Atravessa-te os olhos a imagem imaculada da água
Passeias pelas flores que dormitam no rosto ténue da noite
És a recusa do cansaço que se inclina sobre a essência breve da vida
Onde está a lâmina que caça o Inverno gelado?
Por onde se estende a tua pureza de lago imaturo?
És a breve imagem do sonolento desabrochar da natureza
Sorris...és a flor de lótus deitada no lado luminoso da noite
És a ideia mais extensa...
Vives nos olhos que entendem a simplicidade das coisas
Vives no imensurável espaço que te separa dos braços esticados do dia
E um dia serás a escuridão sem tamanho dos tempos
A copa da árvore que se esconde da luz mortiça
Que deseja dormir dentro de um breve lembrar de corpos
Queres que a murta se desenvolva em redor de ti
E que o seu perfume te envolva numa carícia pura
Como se um milhão de aves pernoitasse dentro do teu tempo.