És e... pronto
Vida...vela a despenhar-se pelo perfume dos sonhos
Sono de braços abertos à aurora dos dias
Árvore...cabeça...céu...mar
O sol distrai-se no tempo húmido dos orvalhos
Húmus de pássaro a triturar o cansaço dos dias
Ninho de madrugada cintilante...
Lábios de anzol a absorver a languidez do corpo
Pressentimento de algar despótico...portal insolente...
Seco como o naufrágio da alma...
Refúgio de mãos distraídas
No embaciar dos olhos...o sol domina o vastíssimo choro da terra
Ninho de estradas...vindima de luar...tantas vezes revolto
Tantas vezes me assomei ao espaço...
Que a neblina me cobriu de beijos
Quando a insolência sólida das casas se espelhou na sombra das ruas
E o tempo a evaporar-se como alguém que chega do vento... sem rosto
Halo de música...flor de futuro..os olhos crepitam na ausência de ti
Na passada rápida das aves..despontas...tens um nome...
Uma rua onde podes ser puro...
Uma rua escancarada ao burburinho cúmplice do chão
Tudo é simples na reinvenção de ti...
Tudo é pesado na complicação das lágrimas
Poisas sobre a espuma férrea...como um crepúsculo matinal
És e... pronto..estás e... silêncio
Dormes sobre a pedra tumular dos poemas...
Intimidado pelo afogar das palavras...enfeitas a complicada maresia...inútil
Inútil como as festas de outono...como as pálpebras que deslizam pela face
Inútil como uma notícia que não chega...desfolhada de milho e joio
Intenso verde a devassar as águas que se deitam em ti
Canal por onde escorre o perecer dos sonhos...
Invisível arco solar sem referência...sem orientação..sem profundidade
Na fogueira misteriosa queimas a carne de pedra...sangue adensado...copa de magia
Eterna harmonia...das festas de junho...vida...desfasada.