Escuto o sorriso do tempo
Olho para muito longe
Olho para a profundidade das minhas memórias
Escuto o sorriso do tempo
Descerro o meu olhar pelo silêncio fechado nas palavras nuas... lunares
Como se viesse de um lugar onde não houvesse lugar para mim...
Teatro de dor..serenidade branca...perdição de mar
Adormecer por entre as tuas mãos serenas...ocultar os olhos nas portas fechadas
Fachada de mim a desabar numa cegueira nómada... a desafiar o mundo...
A razão queixa-se
Dentro de um instante que é a dimensão brusca do mar.
Na moldura que contorna o rosto
Há o sal de uma aparição branca
Podia diluir-me num verão nocturno...e ressuscitar num amor esquecido
Na cegueira da ausência vive um teatro de seda negra
E um castigo sonoro permanece na imobilidade da luz
Céu e deserto dentro de um único olhar
Gaiola de frases pousadas nos lábios plúmbeos
Geada de cinza a acender um céu sem futuro...
Riscado por silhuetas de cera opaca...