Espanto
Durante o tempo em que permanecemos em silêncio
Ergueu-se entre nós um sepulcro de jasmim
E recusámos o verão e as ruas estreitas
Cobrimos a pele de deambulações...espantámo-nos
Recusámos correr atrás do crepúsculo
Perseguição de olhares ocres
E afixámos a noite na memória.
Como uma viagem solitária
Recusámos passar os dias
Pousados numa ária insólita
Bebemos com marinheiros rascas
O frémito da bússola sem destino
Viagem ao silêncio dos corpos.
Afaguemos então a espessura do lume
Viajemos no vinho
Pousemos as feridas numa bandeja
Insanos fios de água cortam-nos a pele...gelo
Gelamos até que a solidão estremeça
Até que as ruas nos olhem...fixamente
Até que os barcos se enforquem nos mastros
Fogo...há fogo na maresia
E por vezes dentro de nós...
Também!