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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Espanto

Durante o tempo em que permanecemos em silêncio

Ergueu-se entre nós um sepulcro de jasmim

E recusámos o verão e as ruas estreitas

Cobrimos a pele de deambulações...espantámo-nos

Recusámos correr atrás do crepúsculo

Perseguição de olhares ocres

E afixámos a noite na memória.

 

Como uma viagem solitária

Recusámos passar os dias

Pousados numa ária insólita

Bebemos com marinheiros rascas

O frémito da bússola sem destino

Viagem ao silêncio dos corpos.

 

Afaguemos então a espessura do lume

Viajemos no vinho

Pousemos as feridas numa bandeja

Insanos fios de água cortam-nos a pele...gelo

Gelamos até que a solidão estremeça

Até que as ruas nos olhem...fixamente

Até que os barcos se enforquem nos mastros

Fogo...há fogo na maresia

E por vezes dentro de nós...

Também!

 

 

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