Espiral
Vacilam no meu corpo os pensamentos
A sordidez das ruas arde-me na alma
Antes que o meu olhar se erga...já eu levei o estalo do céu
As minhas pálpebras estendem-se pelos murmúrios do vento
Que passa...rasante...pela minha imensa noite.
Pousei ...o olhar como um grito esquecido na secura dos caminhos
Vi...a altivez nefasta dos ciprestes
Corri...a entregar o corpo todo ao silêncio.
Esqueci a mordedura farisaica do frio
Acreditei que vinha aí o verão
Sacudi do corpo a inocência
As minha manhãs ficaram sem idade
Fechei-me numa redoma de mapas sem destino
Como uma casca de vidro percorri os riachos
E descobri um límpido sonho de morte
Na vetusta química dos corpos.
Que se passa contigo minha aurora desenfreada?
Meu perfil de espera...minha caminhada
Meu sonho de menino a crescer...
Em espiral ilimitada....