Fala-me do mundo
Fala-me do mundo e da vida que se consome na chama dos espelhos
Fala-me dos espessos veios do silêncio
E das palavras que golpeiam o voo das aves
Ou fala-me simplesmente do teu sopro adormecido
Junto a mim...
Percorro a vastidão da folha onde as silabas se dispersam
Como se fizesse uma viagem aos confins do mar
Pressinto um enigma em cada letra...
Persigo um enigma em cada frase
Enquanto os rostos das folhas se fecham por dentro da manhã.
Na embriaguês da alma geme uma imensa lâmpada
Invade-me a lividez áspera do céu
Enquanto navego na cinza das estrelas cadentes
O meu corpo sente as cordas que o atam ao húmus da cada enigma
Descobrindo caminhos em cada medo
Que crescem como folhas de luz...
Exaradas nas madrugadas que despontam em cada vulcão.
No sal do grito ressalta o frio da melancolia
A primeira luz da pele percorre o arrepio do tédio
Curvo-me ante o fogo das lágrimas
E o caminho fácil do abandono
Que permanece..submisso...
Em cada recanto de mim.