Falta-me nascer de novo
Fragmentos turvos de passos
Olhos inchados pelos cumes que inventam vales e rios
Sou eu ou há coisas em mim
Que titubeiam sem verdadeiramente serem coisas
Olho o sol cuja vermelhidão me apavora
Espirro todas as cores que se acendem nos meus olhos
A boca sabe-me a frutos
Que vibraram nos ramos das árvores
E irreais vapores lilases extraviam-se pelos ares densos
Como irrealidades submergidas
Por bruscas mudanças de maré
Falta-me nascer de novo
Faltam-me os passos incertos de criança
Falta-me o caos
Que a paixão das frases produz no meu corpo mineral
Sigo submerso e evaporado
Como palavras devoradas pelo papel.