Fantoches
Havia um riso de água dentro de um tempo lento
Uma voz de corpo perfumado por alfazema
Havia um sol
Uma mancha chamando pelo fumo da vida
E sobre a mesa
Uma jarra ornamentada pela ternura do tempo.
Pouso os olhos na voz das rosas
Fumo os segredos que escondem os lábios
Abstracções fosforinas
Tempo situado em todos os lugares
Beijo as lembranças do mundo
Para que servem as lembranças...os juncos
O arder de colchas e os segredos?
Para que serve o pouco tempo que temos...o incenso
O sangue nas mãos e as idades?
Há no ar um cheiro a pecado nu
Há no ar um rumor de buxo evadido
Na quietude do fumo reside a intemporalidade
O fim.. a esperança
No esplendoroso canto do melro
Há uma música feita de sílabas nuas
Nos corpos molhados pelo sal colam-se os perfumes..os esplendores
Há que andar depressa
Seguir os círculos concêntricos da vida
Beijar o canto das vozes
Há que cavalgar as cobras e os sonhos
Triturar as noites e esmagar os pecados
E depois...na extremidade das asas do vento
Arder...arder...arder...como fantoches!