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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Farol

 

Levanto-me..dói-me a aceitação do dia

Sou um farol na ponta de um paredão dormente

Há sempre um outro a escorrer de mim

A alastrar como rugas na minha pele seca

Ou como uma mancha perdida que rasga o quadrante da minha sombra

Ocasionalmente ocorre-me uma afasia de espanto

Como uma chuva do acaso..sinto cheiros...cores

Coisas simples que me assolam como restos de tempo

Iluminado pelo clarear do assombro

Sobre a mesa tenho fotos inchadas pela lenta resistência das vidraças...

Quebradiças como olhares que preguiçam no leme dos dias

Olho a insensatez desses dias...está tudo ali

Como um desejo impiedoso...gravado na carne extinta da luz

Por fora pessoa...

Por dentro irrealidade e espanto afogados numa letargia de sonho

Salpicos de dias..desgrenhar de vozes

Marés abertas aos rochedos do frio

Abrigo de gelo onde nada acontece

E onde o vento passa...

Roçando-se pela respiração da minha alma...

Que se solta num silêncio de véu encoberto...

Pelo imprevisível corredor dos dias...