Farol fundido
Dissolvem-se os dias na ratoeira dos segredos
Desaparece a alma num incêndio escondido
A solidão é um hálito que os olhos exalam...um farol fundido...
Um balanço de vela no mar revolto
Cheiro a crucial liberdade onde o mundo se esvai...
Desperto na alvura de um regaço..luz de mim...luz de fim ...
Talvez o mundo não nos queira...
Talvez a luz branca seja o ponto onde desaparecemos
Talvez o bando de aves que se fundem num céu oculto...
Não seja mais que o estalido da liberdade.
Sentes o cheiro da solidão? Ardes numa dança de farol? Talvez não saibas de ti...mas...
Na tua alma vive um fim... uma força que baloiça num apetite de mundos encobertos
Ardes como um acordar dentro do sol... cresces e apagas toda a escuridão....
Irritas os pássaros que te apertam o coração...
És o ferro fustigado que se vinga nas ruínas da cidade
Acorda... paira no centro de ti a sede das pedras...
Calcárias sementes de portos desconhecidos
A cinza dissolve o mundo... o ar adensa-se na placidez de uma janela fechada...
Em ti...
E eu... aperto os punhos contra o fundo rugoso do mar... dispo-me como uma máquina...
Sinto a linha do horizonte como se fosse o centro do futuro...
E durmo... como se não houvesse nada maior que eu!