Finjo escrever-te
Ao longe há uma imagem
Que flutua num segredo
Um cintilar de estrelas falsas
Um suicídio de pele gretada
Onde o silêncio espera pelo vento
A tarde acumula-se em mim
Espero-te como se fosses o meu amuleto
Ou o meu segredo asfixiado
Solitário eco de uma noite estrelada
Longe daqui há uns olhos tristes
Que fulguram no oceano
Metálica água errando pelas marés
Longe daqui há uma tempestade
Que assusta a noite
Que abre os braços...que me acolhe
Mas eu já não estou contigo
Já não transporto comigo
O eco dos teus gemidos
Agora arrasto-me pela insónia
Divido-me como o negrume de uma vela
Finjo escrever-te...
E se me contasses o que o vento te fez?
E se me dissesses onde fica agora a tua cama?
Porque... no peso desta luz surda
Na errância desta tempestade
Que cai na minha parede branca
Espero-te...
Como se o teu presente
Não tivesse passado!