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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Finjo silêncios

Escrevo o último instante

Sobre o sono murcho das buganvílias

O sono é mais pesado que o ladrar dos cães

O silêncio dilui-se nesse ladrar acidental

Recolho-me dentro do sorriso feito com o barro das estrelas

Circulo na noite para lá de todos os receios

O jardim abre-se todo para mim

Como uma ave liberta ao sol

Recolho nos meus olhos o azul-celeste

É um azul deserto de respiração

Nu... como os passos da aparência

Viro-me para o outro lado

Não receio as águas que deslizam pela calada da noite

Vejo-me com um olhar espesso

Um olhar feito de olhares

Um olhar que deito para as costas

Como se fosse uma fotografia nocturna

Não há horas para os moinhos

Apenas vento e uivos tristes

Na profundidade de um corpo surgem inesperadas estrelas

É possível que a eternidade dos relâmpagos

Me faça lembrar dos receios

Mas a memória ergue-se das fotos

Como bolor saindo dos rostos

Sei que nas asas sonhadoras do espaço habitam mares nítidos

O destino é uma ave caída do ninho

Ignorando as memórias empoadas da terra

Reluz a cal ao sol do deserto

É excessivo o mundo que me enche a mão

Finjo silêncios...ignoro-me

A casa atravessa-me os ossos

A minha fantasia cria musgos verdes em paisagens desertas

Fujo de todos os limites...de todas as viagens

Resguardo-me na caleira que leva ao coração

Escondo as mãos num rosto ardente

E escoo-me pela noite fingida.

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