Fio de tempo
Guardo dentro de mim essa vida construída na insónia
Esqueço o passado...atirei-o ao vento...e sigo sereno e límpido como um lago
Habituei-me às sombras...aprendi a ler as horas no silêncio das florestas
Nenhum caminho me detém...nenhuma aflição me acode
Sou um frágil fio de tempo a oscilar num pêndulo indefeso.
A nada posso atender...tenho todo o tempo que preciso...sigo
Dissolvido numa réstia de mim...imagino caminhos...profecias...ilusões
Habituei-me a ser o barro...o barco...o cais onde aporto
Sou o lume suspenso na paciência da noite...
Sou aquele...o tal...a minúscula pedra preciosa...
Que o tempo vai polindo...
Vivo escondido dentro dos pássaros
Hei-de encontrar a ressonância de mim
E mesmo que nos meus pés ecoe a poeira dos caminhos
Haverá sempre um lugar onde possa lançar a minha âncora esfaimada
Porque há um lugar inconfundível
Onde as velas não temem o vento
E os olhares e os rostos...não fogem...
Que aconteceu hoje?
Que pessoa procuro dentro da alma que se esvazia na calma da tarde?
Pluma de serenidade a procurar o chão...a cavalgar o vazio das ruas
Como quem respira pelos poros das pedras
E não se encontra cá...