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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

Flores que se alimentam de janelas


Fico quieto a ver arder as ruas...a sonhar com o movimento das paredes...


A ver despenhar-se o sono...extinção atenta da imobilidade das almas....


Estrada improvável...caminho invisível...luz crua enroscando-se numa crueldade azulada


Ardo como se fizesse uma viagem vulcânica..uma recordação de mares desabitados...


Um travo a memórias arrefecidas...viajo..sou apenas mais um peregrino insone...


Como um interior a desfazer-se numa manhã despigmentada...


Sem porta nem janela para o tempo...temporário habitante de mim...girassol nocturno...


Passam flores insuspeitas...não as conheço...


Talvez sejam as flores envenenadas das laranjeiras....flores que se alimentam de janelas


Ou uma memória de corpo remoto a assombrar a rua...reflexo de veias doloridas...


Não quero mais entrar nesse reflexo lunar...nesse pensamento insano...nesse entardecer


Imobilizo-me defronte da tua memória...não avanço...esqueço-te...queimo o teu tempo


Num frenesim de vómitos mudos...espero que o cantar dos galos me desperte!