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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Fui tudo o que a noite quis

Fui tudo o que a noite quis

Avancei pelos becos e pelos corpos

Por momentos amei o cheiro dos abraços

A nudez dos desafios...o amanhecer do medo

Na minha caminhada pelos néons

Encontrei o avanço do mar

Descobri-te na praia

O tempo dispersou-me pelos clarões húmidos das pálpebras

Eu desconhecia os regressos

E a cintilação da pólvora

Desconhecia a minha sombra

E o perfume das lâminas

Dizia a mim mesmo que as lágrimas também se escrevem

Que o acordar é um desafio de relógios parados

Ouvi passos

Nenhum se aproximou de mim

Passaram pela minha orla deserta

Avançaram em direcção às barcaças

E abraçaram a ondulação do cais

Nesse tempo desconhecia o valor das palavras

Dessas hábeis formas de falar e de dizer rotas e reversos

Cobri a minha ignorância com estrelas

Naveguei pelos cansaços

E fiz de cada verso o tudo e o nada.

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