Fuligem...
I
Na cidade a água dança nas ruas...
Uma chuva verde-adocicada veste o êxtase do corpo
Vibram ninfas nos lagos...
Há portas sobrepostas sem tempo nem luz.... abertas... inertes...
E na efígie da imortalidade despedem-se as coisas sem tempo...
É a vastidão de um tempo em fogo... um lento campo de flores lilases...
Bastião carmesim da alma... que suplica perante as cintilantes luzes...
Por frágeis purezas e indistintos desertos...
II
Somos a cinza que gira no ar como um inverno feito por mãos sem geometria...
Existimos simplesmente... como uma perda... ou como um espaço desocupado...
Nem a primavera com a suas diferentes luzes nos acende...
Nem os recifes que se despedem das algas...
Nos chamam com acenos de flores impossíveis
Agarro-me a esses recifes... onde os búzios se despedem dos limos negros
E onde as Nereidas... perdidas... nos esperam... como bocas condenadas....