Gastos são os sonos
Tudo tem o seu lugar, a janela e a luz, o corredor onde dissonam passos e mesmo as coisas que a vida esconde.
Tudo tem o seu início, o sonho, as estradas, e até as promessa de amores intemporais. Ébrio segue também o nosso destino, ébrios seguem os caminhos da tristeza, gastos são os sonos, e as tábuas da mesa onde comemos os dias.
Há uma rijeza de carvalho em cada saudade, um frio a ecoar na divisão incolor do coração, uma gelosia por onde a luz pede para entrar...a medo.
A moldura de rosto fechado por onde se infiltra um resquício de pó, fala de varandas de madeira, de incrustações de hábitos, de frios e chuvas. Fala de casarões e de jardins onde as pétalas das rosas juncam o chão, caídas, inertes, desperfumadas.
Ao desmoronamento dos muros, acrescem agora fortuitas silvas, os barrunchos conquistaram todos os lugares disponíveis, o frio goteja em cada vidro quebrado.
A tristeza cresce, daninha, por dentro da saudade... por dentro de mim.