Halo de esperança
Cai sobre as profundezas da rua um sol amargurado. Alguém passa como quem forja um incontido desejo. A sua sombra vagueia pelas esquinas. Mas ele segue. O céu até podia incendiar-se. Os dias são tentáculos. As leis divinas são ruínas apologéticas. Contudo os homens continuam a arar os campos. Continuam a fazer companhia à pureza do fogo. Continuam a escrever canções. Ardilosos caminhos levam-nos a encontrar rumos. Mesmo onde os rumos não são mais que poemas de amor. Esses rumos que são consequências. Que são pequenos campos plantados de lírios. Que são pés descalços e solenes promessas.
Estender os braços e tocar onde não somos ninguém. Respirar os lugares. E se tiveres uma casa vazia...então...adorna as paredes com caleidoscópicos destinos. Escreve nessas paredes a tua filosofia. Uma simples pedra pode ser uma mesa. Uma simples razão pode irrigar toda uma vida. No interior da tua imperfeição há uma vaidade de luz. Uma original inconsciência. E...uma suave candeia que brilha na tua secreta existência.
Sempre que vejo dissolverem-se os limites do dia. Inclino-me perante a majestosa mensagem da vida. E sinto...que um pacífico halo de esperança me toca a alma.