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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

Histórias da minha rua - o cavalo

 

Quando eu era criança, na rua onde eu vivia, habitava também uma família muito pobre. Eram eles, pai, mãe, onze filhos e um cão, o Oriental. Eu costumava brincar com o filho mais novo dessa família, era uma criança franzina que tinha a mesma idade que eu, penso que na altura seriam cerca de cinco ou seis anos. Por vezes, quando a fome apertava esse miúdo, à noite, vinha bater à minha porta a pedir comida. Nunca lhe foi negada, ainda mais sendo ele meu companheiro de brincadeiras. Um dia, logo de manhã, ele chegou ao pé de mim e perguntou-me se eu não gostava de ter um cavalo. Um cavalo? - Perguntei admirado. Sim um cavalo, mas a fingir, é que eu podia ser o teu cavalo, e mostrou-me uma corda que passou pelos ombros e por debaixo dos braços a fingir que eram as rédeas. Lá fomos brincar, eu a fingir que era o cavaleiro ele a fingir que era o cavalo. Após algumas corridas, ele pára e diz-me: - agora tens que dar de comer ao teu cavalo. Fui a casa e sem dizer nada à minha mão trouxe um pedaço de pão. Algumas corridas depois ele novamente: - o teu cavalo está outra vez com fome e queria comer uma banana. Fui a casa novamente buscar uma laranja. Novas corridas e lá deu de novo a fome ao cavalo . Agora o teu cavalo queria comer mais um bocado de pão com manteiga. Fui a casa e como ele queria o pão com manteiga tive que pedir à minha mãe. Ela admirou-se do meu pedido e perguntou porque é que àquelas horas da manhã eu já queria pão com manteiga, uma vez que tinha tomado o pequeno almoço havia poucas pouco tempo. É para o meu cavalo- disse eu. O teu cavalo? Mas tu não tens cavalo? É a fingir é para dar ao.... não me recordo do nome dele, nem o diria se me recordasse...então a minha mãe mandou-me chamar o miúdo e deu-lhe o pequeno almoço.