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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Horizonte

Que fizemos ao nosso olhar?

Que tempo se acumulou em camadas invisíveis?

Que fizemos aos nossos dias?

Que dias rejeitámos como uma erosão opaca de insensatos?

Onde estão as emoções...as memórias

E a existência imperfeita dos sentidos?

Onde está a forma nua da esperança cega?

Onde escondemos a vida que é maior que nós?

Belisca-me...apanha as minhas migalhas

Contempla a nossa existência

Como se fosse uma coisa inútil

Ou como uma pele de cobra

Que é preciso mudar

Porque é preciso crescer...

Cegos...somos cegos

Quando queremos dizer palavras maiores que nós

Porque antes das palavras

Estão as incertezas e as imperfeições

E porque as palavras nunca estão acabadas

São por natureza... incompletas

E todos os dedos são precisos

E todos os trabalhos são instantes

E todos os prantos são feitos de lágrimas injustificadas

Espreitamos com o olhar escondido nas sombras

Como se fôssemos inúteis

Ou como se fôssemos ínfimos instintos

Concebidos em mágoas puras

Fecho os olhos e...

Eis que aí está o teu rosto

Concluído mas...inacabado...

Porque na minha contemplação cega

Perdi o horizonte que agora procuro

Mas que os meus olhos recusam ver...

 

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