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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Houve um tempo em que não havia Natal. (Conto de Natal)

Houve um tempo em que não havia Natal. Ainda não tinha nascido um menino numa manjedoura, (muito embora muitos já tivessem nascido em cavernas, que eram sítios um bocado mais frios). Mas, enfim, um dia lá se inventou o Natal. E logo de início se começou a moda do consumismo. É que parece que vieram os Reis Magos e em vez de umas fraldas ,( se calhar não existiam nesse tempo), um cobertorzito, uns sapatinhos de lã para aquecer os pés ao menino, o que trouxerem foi ouro, incenso e mirra. Claro que aquilo não lhe fazia falta mas já se sabe como são os homens quando toca a dar prendas a crianças. Tudo o que não seja um tablet para eles se alienarem e não chatearem, ou qualquer outra bijuteria que as crianças de hoje pegam e largam logo, fartas que estão de brinquedos, os homens não têm jeito nenhum para prendas, ou têm? Lembro-me daqueles que oferecem belas jóias e colares e anéis, só que não é às suas crianças, muitas vezes nem às suas mulheres, é a outras pessoas amigas que eles têm. Mas voltando ao tempo em que não havia natal nem brinquedos. Aquele tempo em que as crianças andavam desde pequenas com uma moca a dar pauladas uns aos outros e a fugir dos dinossauros. Depois lá vieram os Flintstones com os seus carros de rodas de pedra, e fisgas e mocas mais sofisticadas, foi a partir dos Flintstones que se começaram a inventar mais brinquedos que era para as crianças não andarem sempre de cachola partida com as brincadeiras da moca. Nesse tempo também não havia iluminações de Natal, ainda nem sequer se tinha descoberto o fogo. E também não se fazia aquele jogo de ver qual era a árvore de natal mais alta e mais bem iluminada, coisa que também não interessa muito, porque aquilo não é uma árvore, é uma estrutura de ferro disfarçada de árvore, mas aceitemos isso, a nossa imaginação consegue tudo. À noite era uma tristeza, tudo para a cama logo cedinho, nem valia a pena fazer birras, não se via nada, a não ser em noite de lua-cheia, nessas noites era uma alegria tudo a ver se matava os animais nocturnos. Nesses tempos todos os meninos eram Meninos-Jesus, todos eram pobres, andavam vestidos com farrapos de peles, e não haviam ténis Nike. Também ainda não existiam bolas de futebol, assim ninguém ia aos estádios insultar os outros e andar à pancada. Havia de ser giro se agora a malta voltasse ao tempo da moca e fosse ver os jogos de futebol. Felizmente o futuro às vezes é previdente. E pronto, hoje há Natal. As pessoas desejam muita paz aos outros. Oferecem muita inutilidade aos outros.

E comem e bebem com fartura. Também continuam a existir os que ainda vivem na idade da pedra. Aqueles que dormem nas cavernas das cidades. Que comem o que lhes dão. E se escondem em casas feitas de cartão. Eu gosto muito do Natal, mas gostava mais se todos fossem felizes e tivessem casas e comida e assim. Beijinhos e para aqueles que ainda vivem na idade da moca muito cuidado.

Bom Natal

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