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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Inquietações

Sentou-se em frente de uma moldura desbotada. As arestas do tempo a ferirem-lhe as saudades. Inesgotável apelo a outras eras. Duro renascimento de ventos áridos. O tempo...tela de instantes passados. Fonte de frágeis sonhos. Sonhos que tocam na aridez da carne...como quem anda sobre luzes de pedra. Finitas na sua magreza dura. Puras na sua dureza íntima. Ferozes na sua intrínseca vontade de o moldar. Por instantes sopra do seu universo uma vontade de se revoltar. Longínqua paz de eras perdidas. Aceno de ventos estelares. E toda a vida ali...num sorriso de blasfémia. A morte a assomar ao seu deserto. Levantou-se. As ruas esperavam por ele. Pela sua pálida imagem. Pelo seu estéril esquecimento. Pelos seus passos mecânicos. E foi...como quem não volta.

 

Ignorava a sua condição de pessoa. Era mais um à procura de uma ideia de si. Ou de uma ideia de uma ideia de si. Todos os seus pensamentos esbarravam naquela parede. A vida não se justifica. A vida esgota-se no seu próprio desinteresse. Gostava de se enredar em absolutos. E gostava da facilidade que sentia na falta de sentido das coisas. Afinal era fácil perceber o absoluto. O absoluto é um rasto de tempo que nos arrasta. Ou um desgaste de tempo que nos desgasta. Uma fantasia. Ou um toque de alarme. Ou a fatigação do coração. Que vive na clandestinidade forçada do homem. Que vive na aparência de uma luta. Que travava consigo e com a fragilidade de uma inquietação.

 

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