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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Insólito

Insólito o vento arrasta-se nas ruas

E os sons são como censuras ritmadas

E as pessoas

São apenas silêncios indiferentes à natureza tímida

É o desencanto

É a indiferença perante o sinistro jogo

De um teatro censurado

Esquecido Dionísio...

Esquecida a fertilidade da orgia lírica do ditirambo

Um sono acomodado

Honra muitas carapaças falsas

Porque a lisonja aquece os pés

Sob os sinos das igrejas

Que clamam pelos fiéis

Atraindo-os para um Inferno fugidio

Que bebe luz e homens

Que chora sobre corpos transparentes

Que se encantam pela sua timidez de marfim

 

Ganhamos quando perdemos

O mesmo que perdemos quando ganhamos

Porque tudo é indiferença

No tribunal fantástico das trevas secas

Amamos aquele que bebe o fogo

Amamos aquela que se deita

Naturalmente nua sobre a noite verde

Amamos a profundidade imensa

De um buraco aberto sobre um jardim de violetas

 

Ai embriaguês de cidades ferozes e malignas

Ai atmosferas estranhas e veladas

Cheias de um amor incontido

Ai o poder imenso dos suspiros

E das tragédias voluptuosas da poesia

 

Bebamos o ar da noite

Como adoradores de trevas acetinadas

Sejamos muros de pedras...adoradores do verão

Deliremos com as linhas de uma face

Erguida e bela num pedestal sonâmbulo

Que se perdeu nas noites do ópio

E no delírio furioso do amor

Mas nunca a nossa alma

Seja uma servidora amarfanhada e cobarde

Escondida num buraco onde as trevas

Se escondem em prelúdios imensos

De almas sem gente dentro.

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