Insubmissão.
Sento-me na sala junto a um pálido candeeiro. A ternura vermelha da luz faz-me sangrar. Aspiro o aroma das memórias. Erro pelas folhas caídas na berma do carreiro. Secas folhas. Desistências de verde. É estranha e excessiva esta memória das folhas. Esta profunda neblina do Eu. Este cerrado sobressalto do passado. As saudades. O suplício deslizante do que fomos. O silêncio longínquo dos campos. A coragem desmedida para enfrentar o denso azul de um distante amanhecer. A minha alma aperta-se de encontro a mim. E...encontra-me...aqui. Eu...escorraço os meus sobressaltos. Sou o campanário que invade a tarde. Conheço a exatidão dos dias. Conheço a vigília da esperança. Entro na minha amargura. Afago-a como quem afaga a humidade taciturna do que há-de vir. Eu sou a minha própria oportunidade. A minha própria indecência. Busco-me agora e sempre. Percorro todos os lados de mim. Eu..aqui...tão perto da minha insubmissão.