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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Interrogação

À minha volta há um vapor. Ou um gelo. Algo feito com a ferrugem do espaço. Algo obscuro e surreal. Os outros. Espreito os olhos de quem passa. Esplêndidos poços em ruínas. Há um cambiante de tons em cada pessoa. Uma extraordinária compressão de tempo. Tudo existe para que o possamos conhecer. Tudo se ergue para que possa ser tocado. A lua do dia é uma emoção. O mistério é a noite. É o mistério que nos empurra em todas as direcções. E arranjamos pretextos. Queremos arrancar de nós toda a estranheza. Temos pensamentos extravagantes. Fazemos um descomunal esforço para tocar a ilusão. Vemos quem passa. Divagamos sobre quem será. Ou pura e simplesmente não vemos nada. Estamos focados no nosso heroísmo de pessoas amorfas. Banalmente esperamos a revelação que nunca surgirá. Mas esperamos. Negamos a lógica de que nada importa. O nosso ideal era sermos um ponto. Uma admirável tarde. Termos nas mãos o nosso reino. Reinarmos sobre nós próprios. Mas somos assim uma espécie de mentira encerrada numa cúpula de culpas. Mas não somos culpados de nada. Cruzamo-nos com uns e outros. Pestanejamos. Somos invadidos por ocasionais forças. Ganhamos forças. E nesse momento erguemo-nos...como interrogações vazias.

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