Invejo o silêncio de quem morre
Invejo o silêncio de quem morre
Porque quem morre descobre a verdade e nada diz
Não é por acaso que muitos cadáveres
Jazem na urna... como se estivessem no seu leito
Alguns até sorriem...
A minha mãe quando morreu...
Tinha com ela aquele sorriso esfíngico da Gioconda
Como uma alegria descansada
Como se por detrás desse sorriso silencioso
Estivesse o gozo da partida para a viagem ao Éden...
Era um sorriso de ausência
A vingança perante a vida...
Esse sorriso era a vitória sobre a vida.
Ali estava ela imóvel...
A morte tinha-a transformado...
Num sorriso...