Inverno
Tenho uma cadeira onde sento os sonhos
Tenho um peito onde escondo as sombras
Tenho uma secreta esperança
De um dia poder crescer dentro de uma carícia
E fazer de mim um elíptico mar
Onde me seja possível construir silêncios.
Há por vezes em mim uma solidão de absinto...um sabor a terra...
Sei...que há tantas solidões como quartos...
Ou camas...ou apenas olhares
Sei que há ecos que são mais que ecos...
São aves a soçobrar...estrelas a cair
E o inverno a descer pelas colinas...
A enverdecer os campos...a rasar as casas...
A falar de outros frios que aí vêm...
Sóbrios e fartos como a chuva
Ou como a face deserta das cidades...