Iria contigo se me pedisses...
Por vezes aconchegam-se a mim
Memórias esculpidas em imagens que segredam outros risos
Memórias suspensas na revelação nocturna dos olhares
Peso e leveza misturam-se num bandeja cristalina
E dentro dessa bandeja habita o zénite ferido do esquecimento
Iria contigo se me pedisses...seria a eterna sombra das cidades onde habitas
Corpo suspenso...escuridão de papel...ferida imobilizada num desenho vivo
Carne incendiada por travessias de catástrofes...ternura muda...
Abandonada na esquina de uma pirâmide artificial
Sei onde guardas as feridas..sei que visões hostis se fixam na tua retina
Contemplo esse acordar para a procura de outro corpo...
De outros ossos fixos noutra pele... onde possas ser nua e terna...
Mas a luz embaciada pela névoa da solidão...levanta-se na penumbra dos umbrais
Ergue-se da mentira das ruas...como segredos intactos de um tempo de avalanches
Que te sustêm na existência sombria dos sentidos...
E que germinam em ti como a ambrósia do divino...