Já não sei falar!
Por mais que pense em enfeitar a noite
Por mais que queira tocar o nada
Descubro sempre um geométrico vazio
De uma vaga lágrima a fingir de flor.
E sinto na pele uma confusão de chamas
E sinto na vertigem um letal equilíbrio
As pedras são feitas de absurda seda
O meu corpo é uma frase..uma ideia...um sonho
Um irreal encontro com um irreal suspiro.
Com garras de sol agarrei o dia
Mecânicos desejos a vogar no espaço
Majestoso enigma de fulminante verdade
Já não há crepúsculo
Já não há relógio
Onde possa pendurar o estampido...
Da realidade.
Ao longe passa uma densa barca
As luzes acendem-se...os meus olhos calam-se
Escuto o respirar do mar
Escuto a sua indistinta fala
E eu já não falo
Porque eu...
Já não sei falar!