Minguei num tempo de fogo..
Já não sou a caneta que te escrevia nos meandros da noite
Já não sou o fruto comestível que assolava o teu corpo
Minguei num tempo de fogo...ignorado e devorador
Como uma sombra enterrada no orvalho da memória
Mas trago ainda comigo os sons das algas e das mariposas
Ainda sinto o ardor da tua fotografia a planar na maresia das tardes
Dentro de mim ainda adormece o teu cheiro de estonteante verdura
Ainda sou o marinheiro que vence o desvairio dos teus mares
Da minha máscara ainda escorre a tinta húmida da saudade
Ainda devoro o tempo em nos deitávamos na beleza do orvalho
Hoje...imobilizo a minha memória no recanto vazio das fotografias
Hoje...o meu tempo é áspero...o meu dia é uma catedral vazia de fé...
Em ti...