Já ninguém se incendeia...por amor...
Já ninguém busca os caminhos lentos...das paisagens
Já ninguém procura a companhia... das pedras
Já ninguém se incendeia...por amor...
É o vácuo...a noite suja...a vergonha reprimida...
A membrana macabra...a flor inexótica...que enfeita uma ópera negra
Porque já ninguém escuta as flores que dizem poesia à lua...
Já ninguém se banha no lago onde cintilam estrelas
Surdos...sois surdos...é o que vos digo...
Surdos e bandidos...de vós mesmos..sem mercês nem flores nas mãos
Presos a galhos e a fios negros...marionetas com as goelas sujas
E ossos com escaras...
Quero correr-vos a pontapé...rir-me das vossas nódoas negras...
Fazer do vosso crânio a minha taça...beber-vos...
Quero ser a electricidade que vos dá choques na carótida
Quero juntar todas as vossas abjecções...uni-las como um colar de pérolas
E pô-las ao vosso pescoço...como uma trela abjecta...
Ai gentes castradas...vermelhas de fidelidades... reprimidas
Zarolhas e esventradas pelos punhais das angústias
Que certeiras vos apertam o coração...
Libertai-vos disso...já...tirai esse fato escuro que vos aperta...
Dançai nus.. na rua...olhai os animais...
Onde pensam vocês que eles escondem as vergonhas?
Onde pensam vocês que eles digerem o amor?
Não! Eles não habitam a grutas tenebrosas do Homem
Eles são aqueles homens...livres...que os homens que não são livres...
Passeiam pelas ruas com uma trela...