Lábios nocturnos
A penumbra avança
Sobre os teus lábios marcados pela fresquidão da neve
Que te pinta o rosto
Com paisagens feitas com pedras brancas
E tu és a ventania
Que diante de um espelho se dilui como chuva enigmática
És o inesperado aconchegar de uma pele fresca
Que levita num dia frio
És os noturnos lábios
Que desejam as estrelas que brilham nos meus olhos
Enquanto que eu...
Sou o pássaro irreconhecível que vive dentro do espelho
Esperando que desças dos telhados da noite
Para que as tuas pálpebras voem ao meu encontro
Como aves sem despedidas
E eu possa ver os teus olhos abertos como conchas
Onde brilham algas e claros caminhos
Que derrames sobre mim
Os segredos que não podes guardar
Para que eu seja o bosque onde te perdes
E explodes de prazer!