Lágrima de céu
Nus fecundámos os punhais da noite
Nus descobrimos as fronteiras mais secretas
Depois extinguimo-nos...como letras de uma língua morta
Ou como astros que se gastaram no fogo da última noite
Invariavelmente agarro-me ao vestido da noite
Estrelas caem na lonjura de uma fronteira inexistente
Desenho a tua presença num castiçal de ansiedade
De onde brota a luz efémera...que jamais me acordará
Vem como se fosses uma suave sentinela de mim
Vem com o teu híbrido sorriso de flor extinta
Que entra pela minha noite...livre...
Como se eu fosse o areal onde lentamente te espraias
Espero por ti como quem se agarra ao cordão umbilical da terra
E mesmo que o sol desabe num caudal de outonos
Avançarei...de olhar perdido...
Como se encontrasse na espessura de cada barco
Como se visse na ondulação horizontal das searas
A tua lágrima de céu a correr para mim.