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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Lembrança do mar...

Quando cheiro uma flor... sei que dentro de mim renasce a vida

Dentro dela está o tempo e a fuga

Dentro dela estão os inconfessáveis olhos do adeus

Dentro dela está o apelo...de um tempo que não me pertence...

 

Quem esperará por nós quando os solitários choupos adormecerem

E o apelo da noite florir numa estrada perfumada?

 

Belas são as aves nocturnas que voam ao nosso encontro.

 

De riso tranquilo...desci pela maresia da noite

Sosseguei as saudades que deslizavam pelo meu peito

Como estrelas submersas num lago de cores caídas...negras...fúlgidas

Que deslizavam nos meus olhos...ao sabor de um vento pequeno.

 

E havia um silêncio plasmado na pele dos canaviais

Um cheiro a tempo sem palavras...brisa de luz e ruído de cidade afastada

Ergui-me como um pórtico que escuta os murmúrios da noite

Nada havia ali...a não ser o repouso da alma.

 

Toquei nas asas de uma borboleta

Quem me dera que fosses o peito repousado da paz

Quem me dera que deslizasses pela leveza despida da tarde

E me abrisses as portas do sono...devagar...pousada no meu peito...

Sem casa para morar!

 

Dentro dos meus olhos afogo as sombras e os contornos inconstantes do rio

Tudo é igual aqui...nada se atreve a mudar...

Mas hoje...apenas hoje....vi...dentro de mim...

O hiato que me separa da névoa do tempo...

 

Qualquer pedra que ergas não é mais que uma pedra

Qualquer voo de ave não é mais que um voo de ave

O que é diferente...é a lembrança do vento a raspar nas arestas da janela

De onde já não vejo o mar.

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