Lentamente deixamos de existir
Reinvidicando com voz plangente outra vida
Lutamos contra o relógio inexorável dos dias
Inventando um sentido para a realidade padecente.
Numa conduta de vulgar animal amestrado pelo tédio
Languidamente estimamos o bocejo
Carpindo deferentemente a clausura das ideias
Enroscados numa vida armazenada na cave da memória.
Cobrimo-nos de pó inútil e astucioso
Brutalmente calados de protestos e exigências
Ausentamo-nos da humanidade.
Desaparecendo lentamente como o sol no horizonte
Crendo ingénuamente numa ressurreição restaurada de nós
Conformados... preenchemos assim o vazio angustiante e gélido
Sem que seja emanado um protesto
Vindo do nosso desocupado interior.
Já nada nos acorda para uma vida plena
Vivendo num irreal medo sem prazo, soterrados de solidão...
Procuramos estratagemas idiotas...
Extraviados no silêncio e harmonizados com a limitada avareza do dia.
Lentamente deixamos de existir!