Madrugada
Inventas sonhos puros
Como abraços imolados
No corpo cansado dos dias
Conheces …
O sabor adocicado de um tempo feito de sorrisos
Um tempo sem passado.
Corres...
De flor em flor como se quisesses sobreviver ao tempo
Sabes..
Que as aflições clamam pelo sol
E que o sono tem a dimensão inexplicável do mundo.
Quem vive dentro daquele pequeno oásis de si
Sabe...
Que adormecer é aproximar-se dos sonhos
É perceber o começo de si
E por vezes nas noites de verão
Até pedes à madrugada
para se aconchegar contigo
Dentro do belo canto das cigarras.
Sabes que há uma distância..um sinal
Uma saudade de ser abraçado pelo silêncio
Como se fosses uma ilha deserta onde nada falta
Nem os abraços...nem o silêncio.
Mágica era a luz esverdeada dos sentidos
Livre era a água que corria pelas línguas
Do sono emergiam os anos..como árvores
Como folhas caindo... uma após outra
Na madrugada...silenciosa e muda....