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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Magnificente luz...anel de fogo...lenta insónia...

Refluxo coronário de estrela assombrada

Lua que entra pelo meu coração adentro

Entre mim e ti há uma queimadura que nos separa

há uma garganta na paisagem que rodopia

Um fôlego que se empina na frieza assimétrica do mundo

Com unhas de escrita abro um buraco a toda a largueza de mim

Cada palavra é um ferro em brasa que atravessa a minha selvática noite

Como uma estática órbita de vento

Tão próxima...tão próxima...da explosão que vai deflagrar

Na minha carne púrpura...na minha cerrada boca...no meu espelho fotostático

Na magreza do meu corpo há uma fenda onde despontam imagens de ilhas distantes

Alguém deveria dizer-me que o espaço é uma imagem circular

Alguém que abrisse a minha escuridão com a força de uma feroz golfada de loucura

Em mim rodopia essa espécie de claustro ligado aos reflexos das luzes

Parar...crescer como uma repentina faísca que absorve o ar

De repente perceber que a música e a água e os dilemas do mundo

São brilhos de um acaso magnificente

São movimentos que o cerne das mãos relembra..sempre....

E de cada vez que um clarão palpita na carne nua

As estrelas brilham com a melancolia da beleza lírica dos poemas

 

Olhar o espaço..conhecer a distribuição dos planetas

Passar pelos dias como uma janela esventrada

Expelir pelas guelras dos peixes o pavor das paisagens encobertas

Paralelo a mim...há um rosto de madrepérola a espreitar pela profundidade dos sóis

As estações do ano deslocam-se como paisagens em torvelinho

Corropio deslumbrante de sangue a escorrer pelos mapas do coração

Espécie de rio a jorrar pela contrariedade dos espelhos

Como uma cicatriz de verão quebrado na clareira dos rostos

Ai braço de poros tatuados com tranças de um tempo sem idade

Ai força que sufoca a vida cravada nas costas das facas

Côncavas bocas beijando a limalha das paisagens

Alucinação de águia sombria a piar em volta da aridez do mundo

Estancado o sangue... aberta a válvula da penumbra...

Olho o charco negro do meu mundo...e rejubilo...

Magnificente luz...anel de fogo...lenta insónia...

Ornamentada por todas as coisas que voam para além da minha compreensão.