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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Março embacia os vidros..

 

São quatro da tarde...e nada acontece no lugar onde os crisântemos floriram

Talvez lá mais para a noite as horas despertem sobre as folhas murchas

E o amor inicie o jogo dos abraços e das utopias

Março embacia os vidros..os olhos já sentem o local onde corre o mel

Amplos frios desconhecidos assombram a terra..

Há muito que a natureza nos fala de esperança

Tanto nos faz agora que o paraíso nos confunda com deuses

E que a brisa sopre sobre o envidraçado dos olhares

Voltamos o rosto para o sol...sabemos ser gente que se renova com o calor

Não há limites para o cantar dos pintassilgos..nem para a eternidade fria do silêncio

Sob as fachadas os ombros descaem..como jogos perdidos de saudade

E as velas enfunam como arcos de papel colorido debaixo do céu azul-frio

Na luz desenham-se leis que fazem curvar o corpo..intactas como lanternas ulcerosas

Esqueçamos o jogo e a boca que sucumbe ao direito de falar

A boca que consente que o estio a cale..como se fosse a fonte seca das palavras

Sejamos o pródigo alimento da estrada...os pés descalços da esperança

A folha de palmeira que envolve o corpo em ardores de festa

Sejamos o reflexo das coisas sem reflexo..

A distância que se percorre num país sem distâncias

O alimento das coisas que se dissolvem numa maresia dissonante

Mas esta enorme falta de sentir...

Que não encontra resposta nos limites ensolarados dos dias

É apenas o papagaio de papel..que procura a grande lonjura das águas..

Que se renovam a cada trinado de granito...