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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Marés sem eco

O vento afia as suas rajadas no desassossego das esquinas

Algures uma miragem descobre um abrigo feito de sonos vivos

As sereias pedem boleia na margem das ruas estagnadas

E um incomensurável aperto envenena os desejos à beira da extinção

Finges ser uma cinza enigmática

Que alimenta a felicidade em quartos esconsos

Foges para um abrigo feito de setas envenenadas

Que se parecem com rendas espumantes.

Queres a felicidade registada na tua pele

Como uma tatuagem inaudível

Ou como um vago gesto

Que se desfaz numa máscara de inquietantes proporções

São brancos os sossegos

Que se festejam nas manhãs onde as articulações gemem.

 

Pernoitámos num tabique à beira de uma montanha gelada

Onde segregámos o cansaço numa orgia de sangue e espelhos quebrados.

Festejámos...sim festejámos

Como notívagos vagabundos que se desfazem dos dias

Que os atiram contra uma parede feita de ossos rendilhados

Onde memórias de inquietos rostos estão plasmadas

Num esfíngico riso de caveiras trémulas

Que paralisadas por invisíveis dedos de gesso

Estremecem como trevas em espelhos

Que se separaram dos disfarces

Que partiram janelas

E que por fim se aniquilaram

Num cheiro aquático de marés sem eco.

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