Memórias
Caminha o teu odor pela brisa da manhã...
Derramando trémulas centelhas de cores garridas
A chuva molha a quietude das horas...
E eu espreito a rua pela janela entreaberta
Penso naquilo que te poderia deslumbrar...
Talvez se te esculpisse como uma estátua grega...
Ou como um vasto botão de Rosa do Deserto...
Poderíamos nós voltar a sentir a primavera
Que morreu na claustrofobia de uma luz uniforme?
Enquanto a cidade esculpia as águas despidas... tu beijavas-me com os olhos cintilantes
As tuas mãos giravam como ventos geométricos...percorriam-me os cabelos frios
E eu via na tua boca recifes cobertos de espuma...dentes brancos... céus abertos
Era ali que os pensamentos tomavam forma... e se perdiam as razões
Como se fossem pinturas feitas por um pontilhista... cuja memória descarrilou...